Seis destaques da minha conversa com Sir Richard Branson, fundador do Virgin Group

Na semana passada, tive o prazer extraordinário de sentar com Sir Richard Branson, fundador do The Virgin Group para discutir empreendedorismo, atitude, otimismo, inovação – e viagens espaciais.

Sir Richard é um dos empreendedores em série mais prolíficos do mundo, ele detém muitos títulos, entre eles: recordista mundial do Guinness, aventureiro, ambientalista, autor, astronauta, parceiro, pai, avô – e o mais importante para seus netos – “pirata”.

Em nossa conversa pouco ortodoxa, discutimos sua vida e carreira e comparamos notas sobre liderança. Sir Richard também compartilhou por que, aos 72 anos e mais de meio século no mercado, ele ainda não está pronto para se aposentar. Pelo contrário, ele continua enérgico, entusiasmado e apaixonado pela vida como sempre.

Aqui estão minhas seis principais conclusões da nossa conversa.

O PODER DO PROPÓSITO

Este ano, no RESHAPE, reconhecemos a necessidade de as marcas adotarem A Brand New Way™ na criação de experiências para os clientes. Nossa missão é incentivar as empresas a abraçar a individualidade de seus consumidores e se tornar um parceiro orientado por propósitos para facilitar seu estilo de vida, rotinas e valores, ou, para ser mais clara, ajudar os consumidores a viver uma vida melhor. É uma filosofia que Sir Richard compartilha;

“Desde o meu primeiro dia como empreendedor, senti que a única missão que vale a pena perseguir nos negócios é tornar a vida das pessoas melhor”.

Durante nossa entrevista, Sir Richard disse que “toda empresa que existe tem um propósito positivo porque não existiria a menos que fizesse a diferença na vida das pessoas”. As marcas existem para beneficiar seus clientes. Além disso, foi provado repetidamente que indústrias estabelecidas e líderes de mercado podem ser derrubados quando marcas emergentes entram no mercado com uma compreensão profunda ou mais recente do que pode melhorar a vida dos clientes. A Virgin é uma empresa que tem feito isso repetidamente. Sir Richard disse uma vez;

“Eu me diverti muito virando várias indústrias diferentes de cabeça para baixo e certificando-me de que essas indústrias nunca mais seriam as mesmas porque a Virgin entrou e as contratou.”

Para qualquer líder – uma das coisas mais difíceis de acertar é saber no que focar para progredir. Um conselho de Sir Richard é nunca parar de focar nos pequenos detalhes; “empresa excepcional é aquela que acerta todos os pequenos detalhes…melhora todas essas coisas mesquinhas”. Ao fazer isso, uma empresa média pode se transformar em uma empresa excepcional. Para mim, isso foi música para meus ouvidos – ter a obsessão do cliente articulada de forma tão clara e por que até mesmo os fundadores e CEOs devem estar constantemente em busca de atritos.

ATITUDE É TUDO

Pode não ser surpresa que o homem apelidado de “Dr. Sim” em sua própria empresa acredite no poder da atitude e no gerenciamento da própria psicologia. Em nossa entrevista, Sir Richard se referiu a si mesmo como um “eterno otimista” e falou sobre a recente pandemia de coronavírus e o preço que isso causou em sua equipe e nos negócios. Tendo liderado a Virgin em várias recessões e o estouro da bolha pontocom nos anos 90, a crença inabalável de Sir Richard no poder das pessoas e no que elas podem alcançar era evidente:

“As pessoas são maravilhosamente imaginativas ao lidar com situações realmente difíceis e ao tentar pensar em maneiras positivas de resolvê-las.”

Embora a atitude seja importante – Sir Richard fundamentou seu entusiasmo com um aceno de cabeça para sua própria experiência e que ele desenvolveu uma “intuição que vem da experiência”.

Essa atitude está perfeitamente encapsulada no título de sua autobiografia de 2006, “Screw It, Let’s Do It”. Embora você possa ser perdoado por pensar que o tempo pode ter manchado essa visão – mas não é verdade. Em nossa entrevista, Sir Richard revelou que está escrevendo outro livro e quando perguntei qual seria o título, ele me disse que está pensando: “Diga sim. Agora, qual era a pergunta?” Então parece que depois de todo esse tempo, a atitude ainda é tudo.

ENXERGANDO O MELHOR NAS PESSOAS

Em preparação para nossa entrevista, fiquei impressionada com um relato específico da infância de Sir Richard, que ele compartilhou em outra entrevista:

“Minha mãe tinha um conselho muito bom… se eu dissesse uma palavra, mesmo que ligeiramente negativa, sobre alguém, o que eu não fazia com muita frequência, ela me mandava para o espelho, me fazia ficar ali por dez minutos e ela dizia “isso reflete tão mal em você, eu não quero que você nunca mais fale mal de ninguém”. Acho que é um conselho muito bom, especialmente como líder, você sempre deve buscar o melhor nas pessoas. Se você procura o melhor, você obtém o melhor”.

Quando perguntei se esse encontro foi o que ajudou Sir Richard a lidar com a decepção, foi isso que ele disse;

“Eu realmente acho que o conselho [de minha mãe] foi o conselho certo… especialmente se você é um líder. A maioria das pessoas não o decepciona e a maioria das pessoas realmente quer ter um bom desempenho. Você pode descobrir que colocou uma ou duas pessoas nas posições erradas e, portanto, elas não entregam tanto quanto você gostaria que entregassem. Mas, se você procurar o melhor nas pessoas, se elogiar as pessoas, receberá o melhor de volta.”

Falando especificamente sobre a Virgin – Sir Richard compartilha que, em sua experiência, quando as pessoas se sentem valorizadas, amadas, elogiadas e parte de algo maior que elas mesmas, isso se torna palpável até para os clientes – permeia a própria experiência do cliente – e pode se tornar um mercado diferente;

“Gosto de pensar que… com cada companhia Virgin, as pessoas se sentem amadas, desejadas, apreciadas, ouvidas. E acho que ouvir as pessoas é fundamental… escrever o que elas têm a dizer e seguir em frente”

INOVAR À PARTIR DA FRUSTRAÇÃO

A fome de inovar e não aceitar regras arbitrárias é uma qualidade profundamente enraizada em muitos empreendedores e agentes de mudança – é também algo que reconheço em minha própria psicologia. Quando a marca Virgin nasceu, nos anos 70, especializou-se na venda de discos. Nos 52 anos que se passaram desde que a marca Virgin se infiltrou em vários setores, nas palavras do próprio Sir Richard;

“Suponho que a Virgin seja uma marca incomum… Suspeito que sejamos a única marca de ‘estilo de vida’ no mundo. Somos uma das 30 marcas mais conhecidas do mundo, mas se você olhar para as outras 29, todas elas são especializadas em uma área.”

Uma das qualidades que admiro em Sir Richard é sua capacidade de ver melhorias em quase todas as áreas de sua vida. Se ele vir uma indústria ou experimentar algo que acha que pode fazer melhor – ele o fará. Foi a razão pela qual ele fundou a Virgin Atlantic, porque, em suas próprias palavras, ele sentiu que poderia fazer isso melhor do que a British Airways. O mais recente empreendimento da Virgin na indústria de cruzeiros também foi produto dessa imaginação e vontade de inovar;

“O negócio de cruzeiros era muito, muito sóbrio e muito chato. Nossa equipe criou uma empresa de cruzeiros empolgante e divertida, exclusiva para adultos. E, você sabe, as pessoas adoram isso, eles saem, reservam novamente…”

Quando perguntei a Sir Richard como ele decidiu em quais áreas da experiência do cliente focar ao entrar em um setor – seu conselho para a comunidade RESHAPE foi surpreendentemente descomplicado:

“Faça uma lista de todas as coisas que você odeia em um determinado setor e, em seguida, faça uma lista de todas as coisas que você acha que pode melhorar. E então, chame as melhores pessoas para fazer isso. E esperançosamente, você sai vitorioso.”

COLOQUE-SE FORA DO NEGÓCIO

Sir Richard atribui muito de seu sucesso a aprender a delegar desde tenra idade. Quando um grupo de líderes empresariais chegou recentemente à sua casa, Necker Island, para um workshop de liderança, seu principal conselho foi;

“Se você está administrando um negócio, coloque-se fora do negócio.”

O que ele quis dizer com isso foi não ter medo de encontrar outra pessoa para administrar o dia-a-dia, para que você possa se concentrar no quadro geral. Para Sir Richard, raramente há coisas na vida que não podem ser delegadas, com uma grande equipe no local. Na verdade, em suas próprias palavras, os únicos aspectos da vida que não podem ser delegados são sua saúde e bem-estar e passar tempo com seus entes queridos.

“Muitas pessoas têm medo de delegar e, quando o fazem, costumam questionar as pessoas e dizer: ‘Ah, eu faria diferente’… obviamente, você não terá alguém fazendo tudo exatamente igual. Portanto, delegue, certifique-se de não questionar a pessoa o tempo todo e liberte-se … olhe para o quadro geral. Isso funcionou para mim desde muito jovem. E outras pessoas que seguiram esse conselho também funcionaram para elas.”

PARCERIAS DE SUCESSO

Durante nossa conversa, fiquei particularmente interessada em ouvir o ponto de vista de Sir Richard sobre o que torna uma parceria bem-sucedida – tanto pessoal quanto profissionalmente – aqui está o que ele tinha a dizer;

“Acho que no que diz respeito aos relacionamentos, há um elemento de sorte. Tive a sorte de me apaixonar perdidamente por essa garota maravilhosa quando eu tinha 27 anos e ela 33. E ela era muito pé no chão e se tornou uma mãe e avó maravilhosa. E de qualquer forma, tivemos sorte. Funcionou bem.”

Devo dizer que não acredito que alguém nasça com “sorte” ou tenha uma habilidade inata para ter sucesso na vida sem esforço. Eu, no entanto, acredito na sorte. Também acredito que a sorte pode ser manipulada ou fabricada – que ela favorece os ousados, e assim a sorte pode ser criada. Por isso, estou muito satisfeita por Sir Richard ter tido a sorte de encontrar seu parceiro e também de ter sucesso. Sorte à parte, Sir Richard também tinha isso para compartilhar;

“Você não tenta obter o melhor negócio de seus parceiros, tenta ser justo. Você ouve o outro lado e, às vezes, se compromete, talvez contra o que deseja. [Há momentos] em que eles serão graciosos de volta. Você apenas faz funcionar… Quando você tem parcerias fortes, elas são inquebráveis.”

E, assim, no final, as parcerias mágicas se resumem a um compromisso (nas palavras de Sir Richard “mais dar do que receber”), uma crença compartilhada em fazer o que é certo para o outro parceiro, não apenas o que é certo para você… claro, um pouco de sorte também – mas isso talvez seja uma conversa para outro dia.

Se você ainda está lendo neste ponto – parabéns por chegar até aqui. Para mim, este foi um artigo extraordinariamente longo, mas queria garantir que pudesse transmitir o conhecimento e a sabedoria de minha conversa com Sir Richard, com a atenção e os detalhes merecidos.

Se você estiver interessado em ouvir um pouco da sabedoria e das experiências de qualquer um dos outros líderes que se juntaram ao RESHAPE, você pode acessar o conteúdo on-demand, por meio da página de replay.